Saiba por que algumas franquias não cobram royalties

Os royalties, ao contrário da Taxa de Franquia, são valores pagos pelo franqueado periodicamente ao franqueador. Essa taxa regular é utilizada para que os empreendedores possam fazer o uso da marca e obter suporte contínuo.

A cobrança pode ocorrer como uma porcentagem proveniente do faturamento bruto do período (geralmente mensal), ou ser uma quantia fixa definida pela franqueadora. Porém, algumas marcas não realizam essa cobrança, o que acaba atraindo a atenção de muitos interessados no negócio.

Afinal, são só vantagens? O jornalismo do Portal Achei Minha Franquia buscou entender juntos a especialistas quais são os prós e os contras desse modelo adotado por grandes marcas.

Sistema de compensação ao franqueador

Para os franqueados, gera-se um alívio o fato de não precisar pagar uma taxa regularmente, mas e para os franqueadores? Como a marca consegue se manter e prestar suporte sem receber esses valores?

Erlon Labatut, consultor de franquias, explicou que, nesses casos, é compensada a isenção dos royalties. “Esse valor pode ser compensado de várias formas. Alguns exemplos estão na venda de produtos, ou se o próprio franqueador é um fabricante, ou na prestação de serviços para os franqueados e para os clientes atendidos pelos franqueados, além de outros pontos. Além disso, há a chance de compensação por meio de rebates, que são comissões recebidas de fornecedores homologados”, explica.

Veja Também:  Franquias no interior: marcas para investir além das capitais

Quando é possível não cobrar royalties

Marina Nascimbem, advogada e sócia da NB Advogados, acredita não ter muitas vantagens em não realizar a cobrança de royalties. “Na verdade, eu não vejo vantagem nenhuma a não ser que o franqueador seja o fornecedor do produto. Quando a franqueadora é fornecedora do produto, tem sentido você não cobrar royalties, porque você está ganhando em cima dele, que está sendo vendido para o franqueado”, argumenta.

Em contrapartida, a CEO da franquia SuperGeeks, Cássia Ban, acredita que essa escolha agrega um diferencial competitivo na expansão e no crescimento da marca. “Para os franqueados, é um incentivo para o crescimento da unidade, no qual podem reverter esse valor em outros tipos de investimento, como marketing local, infraestrutura ou recursos humanos. Além disso, possibilita uma base financeira mais sólida”, justifica a executiva.

Receita necessária ao franqueador

“A desvantagem é que não existe mágica. Então, para que ele [franqueador] possa manter o suporte, é preciso que tenha uma fonte de receita, e essa fonte vai sair de algum lugar”, comenta Labatut.

A advogada Marina Nascimbem também compartilha da opinião do consultor, ressaltando ainda a importância dos franqueados ficarem atentos à isenção dessa taxa. “Eu acho que, para o franqueado, às vezes, até passa uma ideia de ‘pô, que legal, não cobra royalties!’. Porém, na verdade, se a franqueadora não está cobrando royalties, ela está recebendo de alguma forma, seja no produto ou de alguma outra forma. Então, pode parecer golpe? Sim! Acho muito importante ficar atento a isso”, avalia.

Veja Também:  Franquia LAVUP amplia atuação no Sudeste

Sem deixar o suporte aos franqueados

“A gestão do negócio e da equipe são pontos importantes para alocação dos recursos, de modo a otimizar os processos e permitir manter a estrutura necessária de uma franqueadora. Então, possibilitamos a qualidade de suporte por meio da taxa de franquia, venda de material didático, parcerias estratégicas e reinvestimento na marca”, revela  Cássia Ban quando questionada sobre os suportes oferecidos aos franqueados da SuperGeeks.

Outro negócio franqueador que não realiza a cobrança de royalties é a Yes! Idiomas. O CEO da marca, Clodoaldo Nascimento, listou alguns dos suportes prestados aos seus franqueados mesmo sem a taxa regular. Segundo ele, há o apoio na contratação de toda a equipe profissional, consultoria contínua em todas as áreas do negócio, sistema operacional voltado para a gestão da escola, plano estratégico de marketing no desenvolvimento de campanhas, promoções, ações regionais e mídias sociais etc.

“Com a expansão da rede em larga escala, nosso número de alunos tende a aumentar, o que nos deixa à vontade para seguir nessa estratégia. Temos a taxa de franquia, o que é mais uma cobrança normal dentro do sistema de franchising”, finaliza Nascimento.